Apaixonar-se em Firenze é doce. E quem diz é ninguém menos que Dante Alighieri!

san valentino apaixonar-se em Firenze

O Dia dos Namorados no Brasil é comemorado em 12 de junho, mas na Itália, assim como em toda a Europa e Estados Unidos, a festa é no dia 14 de fevereiro. E não é segredo para ninguém que Florença é uma cidade para lá de romântica, um lugar mágico para os apaixonados – e sortudos! – que estarão por aqui no dia de São Valentino e poderão celebrar o amor entre caminhadas pela Ponte Vecchio e a vista deslumbrante da Piazzale Michelangelo. Mas isso não é tudo!

Em Florença, não há praça, beira-rio ou arquitetura que não seja permeada pelo espírito mais poético do amor, aquele espírito amável cantado por Guido Cavalcanti e Dante Alighieri, inspiradores do “Dolce stil novo” (Doce estilo novo).

De fato, foi na capital da Toscana, entre 1280 e 1310, que este movimento literário se estabeleceu e, ainda hoje, caminhando pela Piazza Santa Croce, sob o olhar severo do grande poeta, ressoam as "doces e graciosas rimas de amor" que deram vida à grande tradição do amor lírico italiano, posteriormente elaborado com tanta beleza por Petrarca.

Aqueles que estudam e amam o italiano, sem dúvida, conhecem as "Rime" de Cavalcanti e os sonetos dantescos como “Tanto gentile e tanto onesta pare” (Tão amável e tão honesta parece), mas talvez nem todos saibam que foi Dante quem cunhou o termo "Dolce stil novo" para se desviar da tradição das escolas siciliana e siciliano-toscana representadas respectivamente por Jacopo da Lentini e Guittone d'Arezzo.

De fato, o estilo literário “stil novo” era um verdadeiro movimento de vanguarda, tanto para o assunto tratado - o amor de maneira quase que exclusiva - quanto para o estilo "doce" e "novo" adotado. Uma herança musical e melodiosa, com uma métrica elegante e densa de figuras retóricas, declinada em sonetos, baladas e canções, num vernáculo "ilustre".

No Purgatório, Canto XXIV, Dante, falando com Bonagiunta Orbicciani, descreve suas escolhas poéticas, distanciando-se da tradição de Guittone em dois tercetos que representam uma espécie de manifesto da nova escola florentina: “Sim, sou eu - retornei-lhe - Sou eu que quando Amor me inspira, presto atenção, e da maneira que o escuto falar ao coração, passo à forma da poesia.”/ “Ó irmão - disse ele -, agora posso ver o nó que afastou a mim, a Guittone e ao Notario desse doce estilo novo que eu ouço!”.

O precursor dessa tradição literária é, no entanto, o bolonhês Guido Guinizzelli, com sua canção “Al cor gentil rempaira sempre amore” (Dentro do coração gentil habita o amor), a quem Dante encontrará dois cantos mais tarde, no Purgatório XXVI, e chamará "meu pai".

A figura da mulher é central na nova tradição lírica, figura intangível que parece pertencer a uma dimensão sobrenatural. Um significante que transcende e supera as representações e fisionomias do amor cortês: assumindo aqui a forma de um anjo, a mulher é uma verdadeira emanação divina e salvífica, através da qual o poeta alcança a bem-aventurança. “Ela passa, consciente do seu louvor, benignamente vestida de humildade: e parece como se fosse uma coisa vinda, do céu à terra para mostrar um milagre.” [Dante, Vida Nova, Seção XXVI].

Não importa se você está em um relacionamento ou não, se está amando ou não. Podemos garantir que se apaixonar por Florença é muito fácil, e o Dia dos Namorados é, sem dúvida, uma grande oportunidade de se jogar de cabeça nas obras-primas de sua tradição literária.

O que você está esperando para abrir o coração?