AEF discute a relação entre guerra e informação em convênio internacional de Ciência Política

informação em convênio internacional de Ciência PolíticaAcadêmicos, pesquisadores, reitores e jornalistas de mais de 50 universidades de todo o mundo reuniram-se em maio de 2018, em Florença, para participar do “Spaces of war, war of spaces” (Espaços de guerra, guerra de espaços): dois dias de discussão e debate com os principais especialistas da ciência política, do jornalismo e da comunicação estratégica para analisar a relação entre guerra e informação. O congresso, organizado pela Elon University, em cooperação com a Accademia Europea di Firenze (AEF) – excelência italiana na formação de estudantes internacionais –, ocorreu na sede da AEF, no Palazzo Niccolini, e também no Cinema Teatro La Compagnia.

Um verdadeiro evento-conferência, com mesas redondas, momentos de discussão e exibições de filmes, com a participação de nomes importantes do setor, para celebrar o décimo aniversário da “War, media and conflict” (Guerra, mídia e conflito), a primeira revista científica do mundo dedicada ao estudo da relação entre a mídia e os conflitos. Publicada pela SAGE, editora californiana fundada por Sara Miller McCune, que recebeu o Lifetime Achievement 2018 na London Book Fair.

Um programa rico e articulado para explorar os novos campos de batalha reais e virtuais: do uso da mídia social para recrutar combatentes estrangeiros do Estado Islâmico até o papel da informação no conflito entre Israel e Palestina; da auto representação da Rússia na ocupação da Crimeia ao patriotismo dos hackers ucranianos; do "selfie do terror" que alimenta o mito da jihad à história contada através de imagens da frente Síria; da representação da violência de gênero no sequestro de Boko Harram à narrativa de guerra, incluindo filmes, documentários, mídia de massa e videogames. E, novamente, o impacto das fake news, o papel estratégico da comunicação na Primavera Árabe, a guerra "líquida", as novas tecnologias de vigilância e o relatório dos meios de comunicação da OTAN-Ásia-Pacífico.

Convidada de honra, a decana em Ciências Políticas na Elon University, na Carolina do Norte, Laura Roselle, co-editora de “War, media and conflict”, está entre os profissionais mais respeitados do ramo acadêmico. "As informações sobre os conflitos no mundo não estão mais focadas em um único tema, mas na vida das pessoas”, disse Roselle durante o evento. “Um dos desafios é mudar a forma como olhamos para a informação: de um modo muito vertical para algo mais horizontal. Temos muitas outras vozes, que podem causar o caos, mas é também uma oportunidade, porque muitas pessoas que no passado não tinham voz agora têm, e isso muda o contexto, incluindo as nossas noções de guerra e conflito."

"Roselle queria muito que o decênio da revista fosse comemorado em Florença”, diz Elisabetta Santanni, diretora de marketing e relações externas da AEF. “É uma mensagem importante e uma oportunidade sem precedentes para a cidade, que está no centro de uma rede mundial de excelência.” O primeiro dia de trabalho culminou na sessão plenária especial dedicada ao papel-chave das mulheres no jornalismo de guerra, moderada por Dina Matar (SOAS University of London), especialista em comunicação política no mundo árabe e ex-repórter no Oriente Médio. No Teatro La Compagnia se alternaram Barbara Barnett, professora de Jornalismo e Comunicação de Massa da University of Kansas; Daniella Peled, jornalista e editora no IWPR - Institute for War and Peace Journalism; e Linda Steiner, professora de jornalismo na University of Maryland.

Entre os protagonistas absolutos do evento estava o professor Andrew Hoskins, co-fundador da “War, media and conflict” e um dos maiores especialistas do mundo em sociedade digital, mídia, segurança global e privacidade. A ele foi confiado o discurso de encerramento “War in the grey zone” (Guerra na zona cinzenta), um foco sobre a crise da comunicação na era da pós-verdade, para analisar a chamada "zona cinzenta", a área de ambiguidade em que a história de guerra no Facebook, Twitter, YouTube e Whatsapp é fragmentada devido à multiplicidade e à falta de confiabilidade das fontes.

Para fechar o evento, foi exibido o premiado "Faces we lost” (Os rostos que perdemos), com a presença do diretor e acadêmico Piotr Cieplak (University of Sussex). O documentário narra o genocídio de 1994 em Ruanda – que, com um milhão de vítimas em pouco mais de três meses, é um dos mais sangrentos capítulos da história africana – através de fotos de parentes desaparecidos guardadas pelos nove protagonistas que escaparam do massacre.