Conheça o “Renascimento contemporâneo” de Florença, uma cidade em eterna efervescência cultural e criativa

Renascimento contemporâneo de Florença, uma cidade em eterna efervescência cultural e criativa
Florença é uma das capitais internacionais da cultura e da arte: conhecida em todo o mundo como o berço do Renascimento, contém em suas ruas, praças, à beira do Arno e no interior dos seus edifícios históricos uma beleza indescritível. Mas não se enganem ao catalogá-la como uma simples cidade artística, com locais extraordinários, mas decididamente ancorados no passado. Isso seria um clichê. Na verdade, nos últimos anos, a capital toscana vem experimentando um período de grande efervescência cultural e criativa, uma espécie de "Renascimento contemporâneo", através do qual é possível reler a tradição, fundindo-a com a vanguarda e acabando com qualquer paradigma.

O Florence Experiment foi um bom exemplo. A instalação de Carsten Höller, que ficou aberta à visitação de abril a agosto de 2018, combinou arte e neurociência no pátio do Palazzo Strozzi, através de dois escorregadores gigantes que permitiram aos visitantes escorregar por uma descida de vinte metros. E agora o mesmo Palazzo Strozzi está hospedando a indiscutível rainha das artes cênicas, a brilhante Marina Abramović, e também já acolheu as polêmicas obras do famoso designer e ativista chinês Ai Weiwei que, por ocasião da retrospectiva dedicada a ele, colocou uma série de barcos de borracha nas janelas gradeadas do primeiro andar do prédio: uma provocativa obra de impacto que literalmente chocou quem estava diante da imponente fachada dessa joia renascentista.

E estas obras são tão incrivelmente extraordinárias porque elas conseguem inserir-se no espaço que as rodeia, conseguem repensá-lo, completando-o e criando uma nova percepção, sem jamais renegar a grande tradição de onde provêm; ao contrário, exaltando-a.

Basta pensar em "Pluto e Proserpina", a estátua dourada de Jeff Koons, cuja superfície metálica refletia as obras em seu entorno, criando um vibrante curto-circuito artístico na maravilhosa Piazza della Signoria. Ou, ainda, o colossal “Big Clay # 4”, uma gigantesca escultura de metal criada por Urs Fischer e colocada em frente ao Palazzo Vecchio: um hino à primordialidade da forma. Ou as projeções do mestre em vídeo-arte Bill Viola, ao lado das obras-primas de Masolino e Pontormo que as inspiraram, numa espécie de diálogo meta-textual entre passado e futuro.

Florença é viva, vital e demonstra não apenas estar em sintonia com todas as épocas, mas preceder-lhes. Se você está aqui de passagem ou se vai ficar por um tempo maior, saiba que todos os ângulos dessa cidade têm uma história antiga para contar. E muitas novas para acolher!